Boiuna

Uma história fictícia escrita por Rodrigo Flinkas para inspirar e descrever esse mito fantástico do folclore brasileiro.

Escrito por: Rodrigo Flinkas.

"Boiuna" deriva do tupi mbóiuna, que significa "cobra preta", através da junção de mbói (cobra) e una (preta).

Sua origem esta ligada à criação do mundo por Gaia. Na mitologia grega antiga, Python é uma cobra monstruosa criada pela deusa Gaia para proteger o oráculo em seu templo em Delfos e no caso da Boiuna, sua criação tem função semelhante à sua irmã Python, com a missão de proteger os rios, lagos e igarapés da Amazônia, uma floresta com enorme importância para a saúde do planeta Terra cuja destruição poderia acabar com a vida no mundo.

Ambas foram criadas a partir da lama remanescente do grande diluvio, ganhando a vida pelo sopro divino e que com proporções monstruosas, um corpo extremamente forte e poderoso e na cor negra, foram posicionadas em locais estrategicos no mundo. Boiuna vive no fundo do rio Amazonas, que com acesso fácil ao mar, pode se deslocar para outros continentes se chamada pela mãe-terra, se fazendo presente em diversos momentos da história da humanidade e sendo referenciada em diferentes culturas e recebendo diferentes nomes.

"Thor combatendo a Serpente de Midgard (Jormungand)" por Henry Fuseli (1788)

De tempos em tempos vai à superfície quando mostra seu real poder, como criar a ilusão de transformar-se nos mais diferentes objetos tais como navios, canoas e outras embarcações para atrair e enganar os navegantes levando-os ao naufrágio e assim, alimentar-se das pessoas que ao se depararem com esse monstruoso ser ofídico, vão ao encontro da Morte. Seu poder de deslocamento é tal, que quando atravessa o rio, tanto o ruído quanto o deslocamento de água produzido é semelhante a um grande navio. Seus olhos quando fora d’água, assemelham-se a dois grandes faróis, que desnorteiam tanto navegantes quanto pessoas às margens do rio.

Na Bíblia em 41, é referenciada como um monstro marinho e um símbolo do poder de criação de Deus.

Ainda na Biblia, no Livro de Isaías (capítulo 27), é descrita como uma serpente marinha, longa, forte, tortuosa e veloz.

Por viver em terra brasilis desde a criação do mundo e garantir a proteção dos rios da Amazônia, Boiuna assim faz parte da história e da vida dos indígenas onde faz parte do ciclo mítico de “como surgiu a noite”, segundo a qual a Cobra Grande envia, a pedido da filha, a noite presa dentro de um caroço de tucumã que de forma imprudente, foi aberto pelos portadores que o transportavam e assim, libertaram a Noite.

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