A cidade perdida

O Manuscrito 512

Manuscrito 512 (ou Documento 512) é um manuscrito de dez páginas de autoria desconhecida que relata a descoberta de uma "cidade perdida". O documento foi encontrado originalmente em 1839 na Biblioteca Nacional do Brasil, onde está guardado até hoje, o documento descreve curiosos pontos turísticos, monumentos e artefatos encontrados pelo grupo no assentamento abandonado.

O manuscrito é um dos documentos mais famosos do acervo da Biblioteca Nacional e alguns historiadores brasileiros o consideram "o maior mito da arqueologia nacional", enquanto outros elogiam seu estilo de escrita vívido e pitoresco. Durante os séculos XIX e XX, o Manuscrito 512 foi objeto de intenso debate e instigou muitas expedições de aventureiros e investigadores, notadamente Sir Richard F. Burton, que publicou a obra Terras Altas do Brasil em 1869, e o Coronel Percy Harrison Fawcett, desaparecido em uma de suas expedições pelo interior do Brasil, resultando em várias tentativas de encontrá-lo.

A "Cidade Perdida" descrita no manuscrito inspirou inumeros artigos, filmes e romances, tais como As minas de prata (1865) de José de Alencar, King Solomon's Mines (1886) cd Rider Haggard e The Lost World (1912) de Arthur Conan Doyle. Além disso, o personagem Indiana Jones dizem ter sido inpirado nos eventos em torno do Coronel Fawcett.

O acesso ao documento original é muito restrito, mas uma versão digitalizada está atualmente disponível online.

Primeira pagina do Manuscrito.

Em 1839, o naturalista Manuel Ferreira Lagos encontrou casualmente o documento, cujo título completo era Relação histórica de huma oculta, e grande Povoação, antiguissima sem moradores, que se descubrio no ano de 1753 ("Relação histórica de um povoado oculto, grande e muito antigo sem habitantes que foi encontrado no ano de 1753"), no acervo da biblioteca. Ele entao o apresentou ao Brazilian Historic and Geographic Institute e canone Fr. Januário da Cunha Barbosa mais tarde publicou uma copia completa do manuscrito na revista do instituto, Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, com um prefácio ligando-o ao caso anterior de Roberio Dias, também conhecido como "Muribeca", bandeirante preso pela coroa portuguesa por se recusar a dar informações sobre minas de metais preciosos na Bahia, o que posteriormente impulsionou inúmeras expedições na província.

Embora o autor do Manuscrito 512 não tenha sido (até a presente data) identificado, os membros do instituto tomaram o relato como autêntico na esperança de encontrar as ruínas da civilização avançada no Brasil, nação que havia conquistado recentemente sua independência e buscava construir uma forte identidade nacional. Na época, ruínas de civilizações pré-Colombianas haviam sido encontradas recentemente na América Latina, como Palenque no México e fortificações na fronteira peruana, o que poderia significar que monumentos semelhantes também estivessem escondidos no Brasil. Relatos sobre rochas com inscrições supostamente pré-colombianas eram comuns desde os tempos coloniais; um desses exemplos foi a Pedra do Ingá encontrada na Paraíba em 1598, que contém o que parece ser letras latinas. Assim, o Manuscrito 512 reforçou a teoria de que uma antiga civilização greco-romana poderia ter existido em algum tempo remoto no Brasil.

Inscricoes gravadas na rocha na Pedra do Ingá

Em 1840, Ignacio Accioli Silva e A. Moncorvo, dois estudiosos de Salvador, Bahia, opinaram que o relato sobre a cidade perdida poderia ser autêntico porque, segundo exploradores e alguns antigos moradores do local, grandes ruínas povoadas por índios e negros fugitivos escravos eram comumente mencionados. O historiador Pedro Calmon explica que os rumores sobre ruínas já eram populares após a morte do explorador (Bandeirante) João Guimarães em 1766 e, na década de 1840, estavam totalmente consolidados, além de se misturarem a histórias sobre escravos indígenas e africanos.

O número 512, pelo qual o manuscrito é conhecido atualmente, apareceu pela primeira vez em 1881 no Catálogo Expositivo da História do Brasil de Ramiz Galvão.

O corpo principal do documento parece ser uma carta pessoal, o preâmbulo dado pelo transcritor descreve-o como um relato histórico. Como algumas partes das páginas do manuscrito estão deterioradas, falta uma parte do texto.

O texto relata que um coronel português (cujo nome está faltando) e seu grupo foram atraídos pela curiosidade para o local de uma cordilheira impressionantemente alta e brilhante. Por acaso, eles encontraram um caminho mais fácil escondido em mata fechada para o cume da cordilheira. Quando chegaram ao pico, avistaram um assentamento que inicialmente confundiram com uma das cidades costeiras do Brasil mas ao se aproximarem, descobriram que estava realmente abandonado. A única entrada da cidade era ornamentada com um arco e ornamento triangular e através desta entrada assemelhava-se aos arcos triunfais romanos, nos quais havia inscrições em língua desconhecida.

Arco triplo Romano em Timgad, Argelia. De acordo com as descricoes, apos a entrada para a cidade perdida, haveria uma arquitetura semelhante a esta dando acesso à cidade.

A praça da cidade tinha um pedestal preto com uma estátua de um homem apontando para o norte e um grande edifício perto dele era decorado com relevos e trabalhos embutidos representando cruzes, corvos (ou possivelmente redemoinhos no estilo console) e vários outros desenhos. A praça também apresentava obeliscos nos quatro cantos. As da rua principal tinham uma figura seminua esculpida em pedra com uma coroa de louros. Havia um rio ao lado da praça e depois de segui-lo o grupo chegou a uma coleção de poços de minas onde encontraram rochas infundidas de prata e mais inscrições indecifráveis. Em algum lugar fora da cidade, eles também encontraram uma grande mansão rural que continha quinze casas separadas em torno de uma grande sala central (possivelmente um átrio). O grupo então testou o solo perto do rio em busca de manchas de ouro, que encontraram em abundância. O autor reflete sobre o curioso estado da cidade abandonada e faz uma breve menção à fauna que habita as ruínas, aparentemente descrevendo lobos-guará e ratos cangurus. Conta-se anacronicamente que João Antônio (único membro cujo nome foi preservado) encontrou uma moeda de ouro em uma das casas revistadas, que mostrava um menino ajoelhado de um lado e arco, flecha e coroa do outro.

Transcript Inscriptions from the manuscript
Original Inscriptions from the manuscript with ordinal numbers translation
Idol found at the Lost City with ancient writing carved.
Entrance to the Lost City by Fabiano Cabral to Legends of Amazon. All rights reserved.

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