Boitatá

Uma história fictícia escrita por Rodrigo Flinkas para inspirar e descrever esse mito fantástico do folclore brasileiro.

Escrito por: Rodrigo Flinkas.

Este é um dos mitos mais antigos já registrado no Brasil. Está presente na carta de São Vicente do Padre José de Anchieta de 1560, juntamente com Curupira e Ipupiara, traduzindo-o por “cousa de fogo, o que é todo fogo”, que atacava os incendiários (indígenas ou não), perseguindo-os sob a forma ofídica e matando-os carbonizados, mas sua motivação ainda era desconhecida à época: "o que seja isto, ainda não se sabe com certeza."

"Há também outros (fantasmas), máxime nas praias, que vivem a maior parte do tempo junto do mar e dos rios, e são chamados “baetatá”, que quer dizer cousa de fogo, o que é o mesmo como se se dissesse o que é todo de fogo. Não se vê outra cousa senão um facho cintilante correndo para ali; acomete rapidamente os índios e mata-os, como o curupira; o que seja isto, ainda não se sabe com certeza." (In: Cartas, Informações, Fragmentos Históricos, etc. do Padre José de Anchieta, Rio de Janeiro, 1933)

Assim como o Curupira, o Boitatá é um demônio cuja missão é incerta pois indiferente se é indígena ou não, ao cruzar seu caminho, irão ao encontro da morte, carbonizados em seu abraço mortal. Sabe-se entretanto que possui uma motivação especial por àqueles que de forma indisciplinada trazem o fogo à floresta.

Seu nome vem da língua Tupi-Guarani "Mbói-tatá", cobra de fogo. Suas dimensões ultrapassam os 14 metros de comprimento.

Titanoboa, espécie incorporada pelo demônio Mbói-tatá.

Reza a lenda de que havia dois Pajés de duas tribos ao sul da grande floresta, que juntos descobriram o Maleficium e assim começaram a praticá-lo quando descobriram o preço a ser pago por aquele de muitos nomes, que aqui nesse universo é reconhecido por Cuca. Por considerarem o preço cobrado alto demais, resolveram que a única forma de não precisarem pagar com suas próprias almas e condená-las às profudenzas do sobrenatural, seria dando fim àquele, ou àquela que demanda o pagamento e então, resolveram dar um fim à Cuca.

Cuca nao podia ser olhada diretamente, pois só se fazia visível aos olhos humanos quando possuia um interesse envolvido e então planejaram uma armadilha para capturá-la e queimá-la. Durante a execução do Maleficium um dos Pajés resolveu que gostaria de pagar um tributo à Cuca e que ela então deveria se fazer visível a seus olhos.

No momento em que Cuca se fez presente, o outro Pajé a atacou com fogo, achando em sua inocência, que isso a afetaria de alguma forma. Obviamente a investida falhou e descobriram da pior maneira que aquele que tem muitos nomes, tambem em algumas culturas comanda um reinado de fogo, dor e sofrimento e portanto, o fogo nao lhe atingiria como o esperado. Cuca em vingança pela traição condenou a ambos em uma maldição que os faria a partir de agora coletar a alma de todos os condenados ao fogo eterno, representando assim as almas penadas malignas que passam queimando tudo. Cuca os matou queimados com o proprio fogo que tentaram em sua fracassada investida e coletando suas almas, as aprisionou dentro da maior serpente ja antes vista na floresta cujo corpo para sempre arderia em chamas lembrando-os do fogo de sua traição e nascendo assim, o Boitatá, um demônio em forma de serpente em chamas que coleta as almas de suas vítimas, as matando carbonizadas em um abraço mortal e que por um ato de misericórdia de Cuca, alimenta-se dos olhos de suas vítimas para que tenha um pequeno vislumbre de luz em meio à escuridao eterna a que foi condenada.

Para o texto e ilustração, todos os direitos reservados - proibido seu uso em reprodução total ou parcial sem autorização do autor.

Last updated